Um dos recursos naturais endógenos do nordeste transmontano que merece a maior atenção pelo seu valor ecológico, gastronómico e económico é o cogumelo. Os cogumelos silvestres existem em diversidade e abundância nos solos da região, especialmente em zonas de floresta, sendo que grande parte das espécies sempre fizeram parte da gastronomia local. Míscaros, roques, sanchas, orelhas de gato e boletos, os nomes vulgares pelos quais são conhecidos, parecem ser os mais comuns e mais apreciados na mesa dos transmontanos. Há ainda outras espécies que por serem raras também são muito apreciadas como é o caso das pantorras cujo preço comercial é elevado. Existem dezenas de espécies de cogumelos de diferentes cores e tamanhos na região, a grande maioria são comestíveis.
Contudo, nos últimos anos e, graças ao interesse crescente por este produto natural, o seu incremento na gastronomia tem tido um significativo incremento devido às suas variadas aplicações desde entradas a acompanhamentos e pratos principais. Os cogumelos têm um sabor único, inconfundível e capazes de proporcionar verdadeiras iguarias. A esta procura na cozinha tem, paralelamente acrescido, um interesse comercial. No Outono e Primavera, épocas de excelência deste produto, muitas são as pessoas que se dedicam à apanha do cogumelo para venda. O negócio movimenta milhares de euros por ano na região e o destino dos cogumelos continua a ser a vizinha Espanha e França, países muito apreciadores deste produto. Recentemente foi introduzida em Portugal legislação que regulamenta a apanha do cogumelo nas florestas e terrenos privados de forma a travar a apanha desenfreada das espécies comestíveis. Para a aplicação dessa legislação muito contribuiu o trabalho da Associação Micológica a “Pantorra” sedeada em Mogadouro e que tem como principal objectivo a preservação, valorização e divulgação do património micológico. Esta associação, com a colaboração de várias universidades fez a inventariação de todas as espécies de cogumelos na região e tem promovido vários encontros micológicos em todo o distrito. A Pantorra acredita que este produto endógeno, que é noutros países fortemente valorizado, pode contribuir para uma estratégia de revitalização económica e social das zonas rurais, bem como para a gestão sustentável dos recursos naturais. Atualmente já existem no distrito projetos pilotos de plantação de cogumelos silvestres em soutos onde as duas culturas crescem em simbiose e podem ter dupla rentabilização económica. A par disso, é também no distrito de Bragança, mais concretamente no concelho de Vila Flor, que está sedeada uma das maiores empresas de produção de cogumelos da Europa: a Sousacamp. Esta empresa é responsável por 80 por cento da produção nacional de cogumelos e exporta para vários países europeus com especial destaque para Espanha, Holanda e França.
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